Carnaval 2009 - diário de um fotojornalista

Esse ano fui novamente registrar o carnaval de rua no RJ. Dessa vez fui pra Santa Tereza, no bloco Céu na Terra; eu, minha namorada e algumas pessoas do CFRJ.

O horário de saída do bloco não é divulgado, o local também não; mas mesmo assim estava cheio de foliões cariocas prontos para a farra para pular carnaval na muvuca e no Sol até sabe-se lá que horas. Afinal, é carnaval! Todos esquecem de seus problemas e saem para se divertir!

Muita gente, uma ótima energia ao redor, tudo no clima de festa, o bloco estava realmente muito legal. Então eu e Nena começamos a fazer as fotos; até que comecei a me lembrar das fotos que tirei no ano passado quando cobri Gigantes da Lira e Banda de Ipanema (dois blocos de rua comuns aqui no RJ também). As pessoas fantasiadas, fazendo pose, óculos e adereços engraçados, enfim, espírito carnavalesco que provavelmente me renderiam meia dúzia de risadas que eu visse as fotos alguns meses depois. Porém, conforme fui tirando as fotos, identifiquei um padrão igual ao do ano passado e reparei que se eu continuasse fazendo aquilo, só iria ter mais do mesmo; ou seja: ia chegar em casa, descarregar as fotos e ia meio que esquecê-las, eu não ia sair com nenhum trabalho refinado daquilo, nenhum trabalho que pudesse me fazer enxergar o carnaval de outra maneira a não ser a maneira convencional.

Eis então que encontro a cena perfeita. Uma mãe vendendo cerveja no carrinho com o isopor, e seus dois filhos na calçada brincando com um balde de gelo, então pensei: mas é CLARO!! Vou pegar o CONTRASTE disso! De um lado, as pessoas se divertindo no espírito carnavalesco, de outro a realidade do Brasil, a pobreza. Então fui para o outro lado da calçada, queria pegar pessoas fantasiadas e a criança brincando; até que me bateu uma outra idéia: interagir com as crianças, começei a dar tchau para elas e vi que elas começaram a responder, foi quando comecei a fazer as fotos. Fiquei realmente muito satisfeito com o resultado que tive. Uma imagem vale mais do que mil palavras.

Não fui para lá com esta intenção, fui com a intenção de praticar fotografia, no free-style mesmo; mas fica aqui registrado o que aprendi: procure sempre explorar os pontos não óbvios, os elementos que estão ali e ninguém repara, fique atento para a informação que uma cena quer dizer, componha uma cena, provoque uma situação onde gere algum tipo de informação, expressão; se você tiver a sorte como eu tive, da cena “cair” nos seus braços, aproveite e faça muitos clics, enxergue aquilo como informação. Os melhores clics são feitos quando você menos espera.

Bom carnaval para todos, e abram os olhos!