Saiba tudo sobre o XMP sidecar


O que é?

Algumas pessoas tem me perguntado o que é o tal do XMP, para entender, é necessário entender o seguinte: um arquivo RAW, possui por característica o fato de nunca poder ser alterado. Uma vez que ele foi criado por sua câmera, não existem mais possibilidades de alterá-lo, são praticamente arquivos read-only, ou seja, somente leitura.

Ok, mas se eles são praticamente read-only, como eu mexo nele então pelo Lightroom e vejo as coisas mudando em tempo real?!

Duas coisas:

  1. o Lightroom já tem por definição a “educação” de nunca mexer nos seus originais, mesmo que fosse um JPG, um GIF ou outro arquivo qualquer dentro de sua Library;

  2. todas as alterações que você faz em uma foto no Lightroom, é salva no seu catálogo, e não no arquivo em si, porém, podemos configurar o Lightroom para salvar as alterações no catálogo E nestes arquivos XMP, se você ativar essa opção, irão aparecer alguns, ou melhor, muitos arquivos XMP com os mesmos nomes dos arquivos raws em suas pastas onde contém as fotos, continue lendo…

Como fazer isso trabalhar com o Lightroom?

O Lightroom pode gerenciar isso para você, você pode mandar ele automaticamente escrever esses arquivos XMPs para cada arquivo RAW que você tem em sua Library, e sempre que você altere um arquivo, ele muda no catálogo e nesse .xmp! Para fazer com que ele faça isso, basta ir nas propriedades do Lightroom, siga os procedimentos abaixo:

  1. Vá até as preferências do Lightroom, clicando em Lightroom > Preferences;

  2. Na aba “General” haverá um botão “Go to Catalog Settings”, clique nele e a janelinha abaixo irá abrir, marque a opção indicada pela seta vermelha e pronto (“Automatically write changes into XMP”), tudo que você fizer no que diz respeito a tratamento das fotos, será gravado nos xmp sidecars.

Como é a estrutura desse negócio?

Pode parecer meio confuso, desorganizado e inútil andar com um arquivo original e ter que andar com outro arquivo de mãos dadas a ele somente com as alterações feitas! Mas  acredite, não é, e vou explicar o porquê: O .xmp serve para te auxiliar nas alterações que você faz no arquivo original, é como se o seu catálogo ganhasse um irmão que está sempre anotando tudo que você faz nas fotos, e guardando isso em pequenos arquivinhos que tem o mesmo nome da sua foto, a estrutura do XMP é composta por estes arquivinhos, que tem o mesmo nome que o raw (por isso o nome de sidecar) e serve pra guardar tudo que você faz no arquivo que não pôde ser editado, endendeu? Eu particularmente acho interessante marcar esta opção no Lightroom, porque se você perder o catálogo, pelo menos não perde esses ajustes que você perdeu tanto tempo fazendo! Funciona como uma espécie de backup, e não ocupa muito recurso, visto que cada arquivinho XMP possui cerca de 10 KB.

Portanto, não se assuste se você por acaso ver seus arquivos com o seguinte aspecto no Windows Explorer (ou Finder).

Temos uma ruim tendência a apagar qualquer arquivo pequenino que não sabemos pra que serve. Quantas vezes você já apagou aquele arquivo chamado thumbs.db, por exemplo? Eu mesmo, quando não sabia o que era XMP, já cometi o ato de marcar essa opção no meu Lightroom sem saber o que ela fazia, e depois ia futucar os arquivos em suas pastas e apagava todos esses “lixos” de .xmp que poluíam minhas pastas. O aspecto de limpeza realmente fica melhor, mas como eu mesmo mencionei, eu estava “futucando” as pastas, e futucar nunca é algo bom: se eu quisesse ver meus arquivos, tinha que vê-los através do Lightroom!

Mas se essa opção é tão bacana, porque ela não vem já marcada por padrão no Lightroom? A Adobe diz que o Lr fica um pouco mais pesado, ou seja, lento. Eu não acho, e acho que a Adobe só não implementou essa opção por padrão, justamente pelo fato citado no parágrafo acima, ela sabe que as pessoas não gostam de carregar pequenos arquivos e sempre acabam apagando-os pelo fato de achar que eles são poluidores, isso em suma tratia uma propaganda negativa para o software, em outras palavras, as pessoas mais ignorantes não só não usariam o Lightroom, mas como também falariam que o mesmo sai poluindo seus arquivos com pequenos arquivinhos inúteis de extensão .xmp - estratégia de marketing.

Tá, como eu aplico o uso disso na prática?

Outra utilidade para o xmp sidecar: imagine a seguinte situação, você quer que um amigo seu veja O QUE você fez em uma determinada foto, em termos de tratamento. Você não vai ficar com ele no telefone skype falando que colocou -54 de brilho, +38 de saturação, -11 de contraste, e na curva de tons, que pode ser uma grandeza não muito fácil de expressar com palavras? Como você fica?

Para isso, você deve salvar as alterações no xmp sidecar e enviar para seu amigo. VOCÊ faz o seguinte:

  1. Clica com o botão direito na foto no seu Lightroom;

  2. Um menu como o da imagem abaixo irá abrir, vá até “Metadata”, depois em “Save Metadata to File” (se a opção de Automatically write changes into XMP estiver marcada nas preferências do seu Lighroom, dispensa-se os itens 1 e 2;

  3. Ao fazermos isso, o Lightroom irá criar um arquivo xmp com o mesmo nome da sua foto, na mesma pasta onde ele está. Por exemplo: se a foto se chama IMG_8240.cr2, um arquivo IMG_8240.xmp será criado, e nele conterá somente as alterações que você fez no IMG_8240.cr2;

  4. Envie ambos os arquivos para seu amigo: o arquivo raw (IMG_8240.cr2) e o arquivo xmp (IMG_8240.xmp);

  5. Pimba! Tá tudo lá. Basta seu amigo abrir o raw no Lightroom, e fazer o procedimento reverso, que está descrito nos itens a seguir:

Para o seu amigo carregar as alterações que você fez no arquivo que você enviou, ele deve importar a foto no Lightroom dele, e seguir os seguintes procedimentos:

  1. Ir até a pasta onde o arquivo está, pelo Windows Explorer (ou Finder, para quem usa Mac) e colar o arquivo xmp na mesma pasta onde tem o arquivo que você enviou;

  2. Mandar o Lightroom ler o xmp daquele arquivo e aplicar as configurações no catálogo para que você possa ver. Para fazer isso, basta clicar na foto com o botão direito, ir em Metadata > Read Metadata from File (note que você mandou o Lightroom salvar no arquivo, agora seu amigo está mandando o Lightroom ler do arquivo, esse “arquivo” é o .xmp);

  3. Pronto, num passe de mágica tudo que você fez na foto irá ser aplicado no Lightroom do seu amigo, isso pode ser bastante útil porque você pode mandar todos os xmps de uma só vez, assim como seu amigo pode ler, é só fazer o mesmo procedimento com mais de uma foto selecionada!

A imagem abaixo ilustra onde está essa opção de salvar/ler o metadado no/do arquivo:

Limitações do XMP

Pelo fato do XMP se tratar de um padrão universal, outros programas também devem ser capazes de ler e saber tudo que foi feito no original, existe uma limitação no que diz respeito a algumas coisas que o XMP sidecar file guarda, pois não faz sentido armazená-las se elas são funcionalidades específicas de um determinado programa. Com exemplos fica mais fácil de entender: o arquivo XMP não guarda estrelinhas, labels, flags e outras coisas que só existem no Lightroom; pois imagine que você passa o XMP para um amigo que usa o Aperture (outro programa de edição e catalogação de imagem, concorrente do Lightroom), o que ele vai fazer com essas estrelinhas todas? Nada, pois o programa que ele utiliza não entende pra que serve aquela informação dentro do arquivo. Poderia haver uma comunicação entre os fabricantes dos maiores programas de edição e catalogação de imagens para chegar em algum denominador comum? Poderia, e seria lindo, mas infelizmente não tem.

Entretanto, o XMP guarda palavras chave, exif, iptc e develop settings (ajustes de revelação).