A prostituição do clique é realmente necessária?


NÃO SAIA CLICANDO FEITO LOUCO!

Câmeras gigantes, lentes maiores ainda, rápidas, ultrasônicas! Equipamentos que fazem 10, 15, 20 fotos por segundo, cartões de memória de 8, 16, 32, e todas as potências de 2 que você imaginar, e de todos os tipos, câmeras com entradas para dois cartões, performance, performance, performance, velocidade, cliques por segundo e… prostituição.

O tempo todo somos bombardeados pelos fabricantes com novidades desse tipo, mas para a maioria, será realmente necessário isso tudo? No mesmo parágrafo já adianto: a resposta é NÃO, mas espere…

Calma, só coloquei aquele “não” ali em cima para dar o impacto da resposta rápida, mas não é tão negativo assim. A resposta correta seria: sim, se você for um fotógrafo de moda (por causa das poses, esses sim tem que clicar à vontade), esportivo (considerando também fórmula 1 como esporte) ou utiliza a fotografia para ganhar dinheiro de alguma forma, de resto, NÃO.

Portanto, a regra que eu mais gosto de lembrar ao indicar um equipamento fotográfico para alguém é: o mais caro e melhor da série nem sempre será o melhor para você, não digo isso somente pelo custo (também, pois você pode comprar mais equipamentos com o custo de um mais caro), mas sim pelo fato de que um equipamento que não esteja de acordo com suas necessidades, irá te ATRAPALHAR. Vou explicar abaixo, continue lendo…

As pessoas que tendem a confundir necessidade de performance com luxo descontrolado, clicam, e MUITO sobre o mesmo assunto, em qualquer saída fotográfica  de fotoclube você pode reparar que o barulho do obturador é muito mais frequente vindo das câmeras gigantes com lentes maiores ainda (provavelmente o usuário ainda usa no modo burst). Pra quê? Simples, é mais fácil você prostituir o clique e depois se virar na frente do computador na hora da ediçnao, do que desenvolver um olhar fotográfico e clicar somente o que for necessário, eu garanto que essas pessoas ao chegar em casa e ao descarregar as fotos para o computador, têm dor de cabeça garantida:

  1. Rola uma perda de tempo e chacina de fotos, metade delas são apagadas, ou ganham uma singela estrelinha no Lightroom de honra ao mérito;

  2. Dificuldades absurdas na hora de escolher a melhor foto da série;

  3. Baterias e cartões de memória com sua capacidade esgotada;

Entendeu a parte que eu disse que um equipamento que não esteja de acordo com sua necessidade, irá lhe ATRAPALHAR? Pode parecer que não, mas esses 3 itens acima são de extrema importância para quem fotografa com frequência, ou diariamente (coisa que eu presumo que quem tenha um equipamento assim faça, né?). Se você tem um equipamento robusto e não usa metade das funções, excelente, mas isso não significa que você tenha que utilizá-lo sempre ao máximo de sua performance, vai por mim,** não clique muito**. Aprenda a desenvolver seu olhar, tenha uma outra câmera (preferencialmente de filme) mais básica, e parta para o caminho das pedras, utilize-a também e preste atenção nas fotos que você faz com ela. Quando for fotografar com sua câmera digital, imagine que ela é uma analógica, onde cada foto corresponde a 5 reais de revelação. Valorize o seu click, não prostitua-o, você irá se surpreender com os resultados.

A idéia desse post não é criticar os equipamentos robustos como um todo, nem as pessoas que os possuem, tomei como exemplo isto porque reparei que amadores que possuem esses equipamentos são as que mais fazem isso; porém, existe também um grande percentual - e não número, número vai ser maior sempre porque existem muito mais pessoas de point & shoot do que de dslr - de pessoas que fazem isso usando câmeras compactas, a regra também vale!

Ok Rafael, chega de blá blá blá e fale algo de útil que nos ajude a contornar essa CÓLERA CLIQUEIRA QUE NOS PERTENCE.

OK, OK! Uma dica que eu sempre dou é a seguinte: trabalhe com percentuais de boas fotos. Explico com exemplo: você sai pra fotografar e tira 200 fotos. Chega em casa, liga o ar condicionado (haha), depois o computador (se já não estiver ligado) e descarrega as fotos, em seguida separe as melhores, se esse número não for pelo menos 50% do total, você está prostituindo seu click e tá tudo uma merda.

50%, esse é o número de fotos boas que você tem que atingir. Isso é a GLÓRIA. cinqüenta por cento é O número. (o trema caiu com essa nova reforma ortográfica? não sei, tá foda…).

Se não atingiu 50% de fotos consideradas boas por si, calma, não se desespere. Me dê seu equipamento e desista de fotografar Simplesmente tente aumentar esse coeficiente, e pense, pense, pense antes de fazer um click, é bem mais divertido fotografar desta maneira.

Espero que eu tenha sido claro nesse post, não digo que não se deve utilizar a câmera em modo burst, ou nunca fazer vários cliques do mesmo assunto; em alguns casos, eu sou a favor de pecar por excesso, como por exemplo em foto de modelos, onde é importante conseguir a melhor pose/sorriso/enfim, ou em uma competição esportiva, ou onde haja movimentos rápidos, ou em um show, onde tem vários músicos se movimentando; o que eu quis dizer é: não prostitua seu click de bobeira num passeio livre, não vá ao Jardim Botânico e tire 150 fotos do mesmo chafariz, não tire “outra foto pra garantir” quando estiver numa festa, pois as vezes torna-se até mesmo inconveniente quando você tira fotos de pessoas, tem gente que realmente tem mania de tirar 4, 5 fotos iguais, isso não faz muito sentido e é um pé no saco pra quem está sendo fotografado, se a pessoa encheu o saco, já vai ficar com cara de cu e da terceira foto em diante vai sair uma merda, não adianta repetir. Câmeras digitais não têm filme para queimar, portanto “tirar outra foto pra garantir” é jogar recursos (tempo que você poderia fazer outra foto, bateria, cartão de memória e aquela chatice de escolher a melhor na hora de jogar pro computador).

Encerro este post com duas imagens engraçadas, ao qual eu acho que o fotógrafo deve clicar “até morrer”.