Gotas, e suas formas


O que mais me deixa impressionado é a quantidade de eventos naturais que acontecem ao nosso redor, e nós simplesmente não percebemos por uma série de motivos. Sempre que se mexe com líquidos elas estão sempre lá, na maioria das vezes nunca damos atenção justamente por se tratar de “seres” tão pequenos. Brincando com o Photoduino e o Solenoid Valve Interface na madrugada de hoje, capturei uns momentos muito interessantes, a maioria de splashes e gotas, algumas até mesmo com formas expressivas, como se quisessem dizer algo. Vou falar um pouco sobre o processo de cada foto, quais os líquidos usei e como fiz para capturar certos detalhes. Em todas as fotos utilizei uma Canon EF 100mm Macro f/2.8 e a 5D Mark II - que devido a falta do crop value, me atrapalha um pouco na hora de conseguir mais zoom na macro: tudo bem, as vantagens do full frame compensam :P

Como sempre, esqueci das fotos do Making Of, com o cenário e tudo mais. Eu sempre esqueço de documentar as coisas, fico envolvido no processo e acabo esquecendo quase sempre.

O segredo mais importante de todos na hora de fazer esse tipo de foto, é ter uma paciência do caralho. Relaxe, deite no chão, fique confortável com a câmera, faça o mínimo de esforço físico, pois as vezes você ficará meia hora clicando para conseguir uma foto boa. Vamos lá…

Essa foi a primeira da série, a substância é leite em um copo de vidro, com leite também. A câmera estava um pouco perto demais (cerca de 6cm, e por isso espirrou uns resíduos na lente, o que causou o efeito “bokeh”: a densidade do leite é baixa, e ele respinga muito quando sofre o splash. Após algumas tentativas, formou-se esse desenho:

Dei o nome de “Glóbulos Brancos” pra essa foto. Pois me parece que as gotas (leite puro) estão indo combater algum organismo, talvez pela forma com que o líquido marrom (Nescau [bebi um gole antes, claro]) está na caneca, meio que parece uma membrana nojenta, tipo aquelas que a gente vê em livros de biologia do ensino médio; e os glóbulos lá, branquinhos, intocáveis, como um exército para tentar alguma coisa. Nessa foto eu não joguei 4 gotas, como aparenta: eu deixei a Solenoid aberta, e a tensão superficial do líquido faz com que o caminho se rompa e formem-se automaticamente pequenas gotículas. Se você olhar a olho nú, verá um filete de líquido caindo, mas se congelar o momento na hora da macro, verá que as coisas não são muito bem como aparentam: isso é o que me deixa maravilhado com esse tipo de fotografia.

A esta foto abaixo, dei o nome de “Não quero ouvir, não quero ouvir”, pois a forma gerada no retorno do líquido parece-se com uma moça virada pra direita, tapando os ouvidos, com a cabeça meio para baixo. O fundo preto é um simples papel preto no fundo, desses que se compra em papelaria - papel colorido.

Essa é uma das minhas preferidas de todo o Set. Esse fenômeno acontece quando uma gota cai sobre uma superfície líquida, as ondas fazem com que volte uma gota para cima (contra-gota), e aí então eu jogo outra, que choca-se com a gota em suspensão e causa esse efeito maravilhoso, como se fosse uma membrana. O capricho do arco-íris no fluido eu deixo para o Pink Floyd. Coloquei a capa do Dark Side of The Moon no plano de fundo, e a refração no líquido faz com que pareça que o arco íris esteja dentro dele, como aquelas manchas de óleo que vemos as vezes no mar. Outra dica que eu dou na hora que for fazer esse tipo de foto, é colocar uma boa trilha sonora, Pink Floyd é altamente recomendável. O a gota é de água, e o líquido é água diluido em um pouco de mate leão, pra dar um tom um pouco dourado.

A foto da “Caveira”, vista no post anterior, foi logo depois dessa.

Com esforço, conseguimos ver a lente convexa que a gota faz, invertendo o plano de fundo, que no caso é a imagem em cima, de cabeça pra baixo, pra que fique com sua polaridade certa dentro da gota, ficou um pouco pequeno porque ainda não peguei direito a prática de fazer gotas grandes. O líquido é água.